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Bornes relacionados com Miniaturas

Buscando...?

domingo, 26 de julho de 2009

Frequência Samsarizada

De quatro a cinco dias por semana tomo o mesmo ônibus para o trabalho.
Ônibus fretado pela empresa.
Com o mesmo motorista.
O ônibus tem um rádio que o motorista mantém sintonizado sempre na mesma emissora.
A emissora toca as mesmas músicas, praticamente nos mesmos horários e, tenho quase certeza que, muitas vezes na mesma sequência.
Há aqueles momentos da programação em que os ouvintes escolhem, dentre três músicas, qual deve tocar novamente. Ou seja, ouve-se a mesma música num intervalo de uns doze minutos. Uma música que toca diariamente durante a programação em outros momentos. E já se sabe, quase sempre no anúncio, qual música vai ganhar.
É uma emissora de um gênero específico. O que significa que mesmo quando há o lançamento de uma música nova, tudo está lá de novo: acordes, arranjo, letras, ritmo, vocais.
A locutora está sempre muito feliz e simpática.
Exatamente como o locutor que a substitui nas férias.
Por que é tudo tão igual?
Porque os ouvintes gostam.

sábado, 25 de julho de 2009

Caminho do Meio

O Caminho do Meio é um caminho de entendimento.
Buscamos uma vivência de menos enredamento pelo mundo. Este desenredar-se se dá pelo contínuo desenvolvimento e aplicação da atenção (sati) dirigida às ocorrências sensoriais: atenção investigativa ao que se vê, ouve, cheira, pensa, etc.
Tencionamos a experiência dos fenômenos ao invés da habitual nomeação ou conceituação do É isso. Tentamos nos manter na trilha, seguros entre os extremos da negação e do aprisionamento pelos sentidos e pela mente que compacta os fenômenos em momentos e partículas estanques.
De certo modo, podemos dizer que dirigimos a percepção para o meio das coisas. Penetrando a casca com a qual a mente veste e as separa de nós e nós delas, e vamos desmanchando os nós que aparentam ser a realidade... Vamos desfazendo a rede pelo meio, de dentro para fora.



quarta-feira, 22 de julho de 2009

Gravetos

Uma das imagens de que eu mais gosto no buddhismo é aquela do atrito dos gravetos gerando o fogo que os consome.
Como a mente que busca a experiência que irá evidenciar a sua própria inexistência inerente.
O Buddha nos diz que não precisamos crer em nada a princípio, cultuar nada. Nenhuma essência iluminada, nenhuma lei cósmica, nenhuma metafísica, nenhum salto de fé para o desconhecido. Apenas a mente mundana que temos e seus fatores, sendo o principal deles a atenção ou vigilância (sati), é do que precisamos. Devidamente treinados e cultivados, levarão à transcendência que surge do fogo da visão direta e clara da realidade tal como ela é.


domingo, 19 de julho de 2009

- é +

Centros de Dhamma são locais para aprendermos a abandonar, desfazermo-nos, deixar, soltar, largar...
Sair de um centro ou palestra de Dhamma sentindo-se mais sábio, mais desapegado, mais feliz, mais livre, mais calmo talvez não seja tão bom quanto sair sentindo-se menos ignorante, menos apegado, menos descontente, menos preso, menos irritável, menos...
Tomar consciência do que deixamos de ser ou ter me parece estar mais de acordo com o Caminho do que nossa tendência natural de focar o que conseguimos obter...

sábado, 11 de julho de 2009

Susan B.

Susan B. provou acidentalmente a si mesma e ao mundo que podemos fazer muito mais do que nos fazem acreditar. Mesmo que um prêmio Nobel sustente esta crença.
O B é de Barry.
Susan Barry é uma neurocientista americana de 55 anos que aos 48 corrigiu um problema cerebral o qual estudos, inclusive ganhadores do Nobel, indicavam que após os 2 anos de idade não haveria mais conserto. Corrigiu o problema re-educando o cérebro, pode-se dizer.
Graças a um estrabismo de nascença, o seu cérebro aprendeu a ver o mundo em duas dimensões apenas. Como numa foto ou história em quadrinhos. Sem a noção de profundidade. Ela só descobriu esta sua deficiência cerebral quando estava na faculdade! E, na faculdade de neurobiologia, aprendeu que a capacidade de processar as informações visuais em 3D só se desenvolve até os dois primeiros anos de vida, no máximo. Quer dizer, só restava a ela se conformar com o problema recém descoberto...
Aos 48 ela precisou fazer uma reabilitação por conta de dificuldades decorrentes de seu estrabismo, mas com os exercícios que lhe foram passados, cujo objetivo era apenas o de estabilizar a sua visão, percebeu que estava começando a enxergar a profundidade das coisas! Descobriu que estava mudando a forma de seu cérebro entender o mundo aos 48 anos de idade! E com aplicação continuada dos exercícios, corrigiu completamente o defeito.
Não é incomum ouvir de praticantes de Dhamma: "Ah... eu já estou com Xizento e xizis anos...! Não dá para esperar muita coisa, né?" Bom, agora, além da palavra do Buddha e da história de vários de seus discípulos, temos também a neurociência que, graças a casos como este narrado acima, vem mudando radicalmente o que pensava saber. A neuroplasticidade, princípio que afirma o poder auto-transformador do cérebro, se revela muito mais poderosa a cada dia. Somos, sim, capazes de mudar a nossa forma de ver e de nos relacionar com o mundo e com a vida independemente das dezenas que carregamos nas costas. É científico também, viu?
Bastam vontade e os meios corretos.

Fonte: Revista Superinteressante de julho.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Buraco de Minhoca

Buraco de minhoca, além de ser o nome do que é, também o é de um fenômeno previsto pela ciência amiga dos espirituais: a física quântica.
É uma espécie de túnel, gerado por uma quantidade colossal de energia, que é capaz de ligar dois lugares separados por qualquer grandeza de tempo e/ou espaço.
Simploriamente falando: estando uma das "bocas" na nossa sala, a outra pode estar em outra galáxia. Passando o pé pela boca daqui, ele sai lá! Ela pode estar também a, digamos, 500 anos no futuro, e nós podemos transitar livremente entre lá e aqui!!
E tem gente que duvida de uma bobagenzinha como a telepatia!!
Mas o fato é que, devido a uma grande quantidade de energia gerada pela leitura do "A Menina Que Roubava Livros", um daqueles foi gerado na minha cabeça. Com uma das bocas lá nos meus dezesseis anos.
Aquele serzinho acredita ser poeta. Graças a mim, ele agora sabe que a vida vai, em algum momento, desaparecer com ele! Mas também contei que hoje existe internet, e o moleque, esperto como é, deu um pulo aqui e deixou o que se segue:

como chegam as férias
a folga e o fim delas
chega o natal
o aniversário
aquele livro via postal
aquela revista
aquele filme
a morte chega
como chega aquele dia
e o depois
aquela hora
o passeio
a viagem e o fim dela
a morte chega
uma questão de tempo
como poucos lembram saber
uma questão de espera
em qualquer lugar
mas sempre no presente
a morte chega
pode ser amanhã ou hoje
mas depois certamente será
a morte chega
quem fica atento
às vezes vê ela passando
rapidamente abre caminho
mas ela volta
ela chega
e quem sou eu para não morrer?
o Buddha disse:
"àquele que descobre a resposta
a morte não pega"

sábado, 4 de julho de 2009

O Baleiro e o Dhamma

O que o buddhismo oferece não é algo para ser adquirido.
A paz buddhista pode ser definida como aquilo que 'sobra' após ter-se eliminado o ruido.
Isso vai diretamente contra tudo o que conhecemos da vida e, talvez, seja um dos motivos pelos quais, em alguns momentos, possa existir uma sensação de cansaço, desânimo e até decepção com a convivência em grupos de dhamma.
Presenciar atritos, intrigas, orgulhos, vaidades pode ser algo bastante chato para alguém que idealize um ambiente de pessoas comprometidas com a busca pela paz... Mas esses comportamentos, nada mais são, em grande parte na minha opinião, resultantes dessa postura de querer acrescentar a paz a nossas vidas sem reconhecer que o que realmente nos impede de experimentar a paz buddhista é o próprio desejo de acréscimo! Queremos permanecer como somos e ter ainda mais!
Meu pai conta que quando era criança tomou muitos "cascudos" dos irmãos mais velhos quando ia ao "butiquim" comprar doces. É que ele ia lá, na maior alegria, mas abria o bocão na hora de entregar o dinheiro! Queria comer o doce e queria, também, ficar com o dinheiro! Aí, já viu! Sendo o mais novo de treze, toma tapas na orelha! Diz que não adiantava explicarem para ele... Ele simplesmente queria os dois!
É mais ou menos como fazemos. Queremos paz, felicidade, nibbana (nibbana eu não sei se todos queremos!) mas sem abrir mão daquilo que o Buddha ensina ser a causa principal para não experimentarmos essas coisas: o nosso ego. Que se manifesta, principalmente, por meio de nossos gostos, desgostos, opiniões, vaidades...
O Buddha explica e explica e explica... Mas nós não entendemos!
Vamos continuar tomando tapas na orelha!

Speech by ReadSpeaker