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Bornes relacionados com Miniaturas

Buscando...?

sábado, 30 de janeiro de 2010

born to kill

É frequente o incômodo causado pelo primeiro dos cinco preceitos dados pelo Buddha aos não monges como treinamento.
O Buddha para nós, buddhistas, foi o ápice evolutivo a que um ser pode chegar. Ele, claro, sabia que viver onde vivemos, sem matar, é praticamente impossível. 
Embora ele tenha deixado claro que matar intencionalmente é o que deve ser evitado, o problema ainda persiste: "E quando precisamos matar"?
Na minha opinião, uma das causas fundamentais deste incômodo é a nossa arraigada incapacidade de exercitar uma virtude cardinal do buddhismo, a saber, o questionamento ou não aceitação tácita daquilo que nos chega, via sentidos, de forma óbvia.
Ora, e é óbvio que, vez ou outra (?), eu preciso matar um pernilongo, uma barata, um rato, uma formiga (ou imensas quantidades destes!), sem falar em vermes, parasitas... Então, eu preciso arrumar alguma justificativa para ir contra aquilo que o Buddha me disse, um discípulo Seu, para não fazer! Não me passa pela cabeça a tarefa, muito mais complicada, de pensar o preceito sob o ponto de vista do ensinamento completo, o dhamma todo. Não me passa pela cabeça questionar a legitimidade do samsara e dos relacionamentos samsaricos. A irresistível necessidade de adaptar o mandamento do meu Mestre ao imperativo samsarico do vir-a-ser. Apesar de o Buddha ter dito, também, que é melhor abandonar o samsara...
A incrustada resistência e a instintiva compulsão por adaptar o dhamma ao nosso modo de vida samsarico são a principal fonte de nossas dificuldades no Caminho. Talvez possamos começar a diminuir o nosso medo da correnteza do dhamma refletindo sobre a nossa inquestionável precisão de matar.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

nota

A revista Superinteressante do mês de fevereiro traz uma nota sobre o trabalho com meditação vipassana que é desenvolvido  no presídio de Tihar, na Índia. A nota confirma os bons resultados que são contados no vídeo que eu publiquei aqui dias atrás.
Diz também que há um grupo de praticantes brasileiros que tenta convencer autoridades a implementar algo semelhante por aqui. 
Não sei quem são mas apóio a iniciativa.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

gato

Um gato é, também, quando, tendo um circuito elétrico sido interrompido pegamos um pedaço de material condutivo e refazemos tal circuito religando as partes antes separadas. Normalmente "pulamos" o ponto de ruptura, daí o nome mais chique: jump. Aquele ponto é, na pior das vezes, um fusível que cumpriu o seu papel de proteger algo de uma sobrecarga de energia.
Pois bem. Existe o gato espiritual.
A prática buddhista é dividida em três campos: o comportamento disciplinado pelos treinamentos éticos (sila), o cultivo da tranquilização mental (samadhi) e o cultivo da percepção adequada da natureza dos fenômenos (pañña).
Nós, muitas vezes, pulamos sila.
Sila que tem a função de, justamente, proteger a integridade de nossa prática espiritual.
As coisas funcionam com o gato. Mas o risco de prejuízos é grande. Perde-se até a vida devido a gatos! E o mesmo pode ocorrer com relação ao gato espiritual. Dependendo da forma como entendermos vida.
Sila nos protege das sobrecargas de energia que vem dos hábitos, mentais e físicos, que confrontam o Dhamma e estão profundamente arraigados na nossa mente. O consumo de fusíveis espirituais é imenso para a maioria de nós! Mas é bem melhor substituí-los que fazer o gato (ou mesmo o mais cool, jump!). Sila protege nossa integridade mental, nossos pequenos insights, a pouca (ou não pouca) paz que conseguimos, de serem incendiados por picos de negatividade.
Por isso, não despreze sila! Mantenhamos sempre cheias as nossas caixas de fusíveis espirituais!

sábado, 23 de janeiro de 2010

ānāpānasati


inspirando. expirando. inspirando. expirando.
a vida, enquanto isso.
desatento ao tudo que a respiração revela
a vida passa...

"tudo é impermanente! sinta!" é o que, insistente, ela nos fala
inspirando, expirando... "não percebe que se esvai?"
inspirando, expirando... "o que resta nas tuas mãos de sêde sem fim?"
o veloz movimento, o seguir dos fenômenos,
serenamente me ensina, a pacífica respiração
inspirando, expirando...
segue

"impossível de reter!"
tão clara esta segunda mensagem!
o mundo, e eu em volta dele

revolve em seu ritmo o mundo, caudaloso turbilhão de aparências,
corredeira irrepresável de causas e condições
com total descaso arrasta o displicente
inspirando, expirando
se tranquila, a mente não afunda
nem a leva a correnteza
se atenta inspira e expira
acomoda-se, em paz, na sábia e poderosa rendição
se desperta, aprende, a não sonhar, acordada, o sonhador

se despertando inspira e expira
vê que a morte leva tudo que teima em resistir
se despertando inspira e expira
vê que no fim é onde amarga a ânsia de um princípio
e a dor é o que sobra da posse do prazer
se contente inspira e expira
permanece suave e satisfeita
no conhecimento pleno da insatisfação
do inspirar expirar sem fim
do universo que o corpo abarca

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

leitura guiada

O estudo é muito importante no buddhismo Theravada. Minha experiência pessoal é que o estudo me inspira, me guia e direciona a minha prática.
No theravada, de forma geral, estudamos os textos antigos. O ponto de referência principal deve ser os suttas preservados no idioma pali que formam os mais antigos registros das palavras do próprio Buddha, segundo as tradições. Sendo assim, conhecer o pali e a história do período em que o Buddha viveu e pregou é fundamental para o entendimento do Dhamma. Uma leitura dos textos antigos, assim guiada, oferece uma possibilidade de compreensão mais poderosa, capaz de esclarecer a prática e favorecer a experiência transformadora que é a essência do ensinamento do Buddha.
O Centro de Estudos Buddhistas Nalanda, seguindo sua história de iniciativas na divulgação do dhamma antigo, oferece, a partir do dia 27 de janeiro de 2010, como parte do projeto Prática Guiada, o curso on-line Leituras Guiadas em que estudaremos o Dhammapada, o mais popular e traduzido texto buddhista do mundo, parte dos ensinamentos antigos, pela tradução e orientação do fundador e diretor do Centro, prof. Ricardo Sasaki (Dhammacarya Dhanapala).
Inscrições abertas.
Que muitos seres possam se beneficiar.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

liberdade além do sonho

É possível e, talvez, mesmo provável, que exista quem ainda ache que meditação é coisa de 'oriental' ou 'orientalizado', de preguiçoso ou de quem não tenha nada mais produtivo para fazer...
Não é para estes que eu dedico o vídeo a seguir, embora deseje que eles também possam se beneficiar!
O filme não é novo, mas só agora eu achei legendado em português. Evidencia o que todo buddhista deve saber: a contribuição original do Buddha para a humanidade vai muito além dos templos.
Eis a primeira parte. Continua a partir do link abaixo do vídeo.




http://www.youtube.com/watch?v=GxyFMHRazLY

sábado, 16 de janeiro de 2010

boca cheia de moscas

Já escrevi por aqui que atroz é avijja e falei sobre nossa miséria comum. Pois, desgraçadamente, houve o triste fato ilustrando um aspecto tão efetivo do que eu disse!
Espera-se de uma pessoa na posição de cônsul, uma aptidão mental e, por extensão, um discernimento emocional acima da média dos de um cidadão comum. Pois o que nos revela o senhor cônsul do Haiti no Brasil, a respeito dele próprio, ao menos, é quão enganados somos nas nossas ideações e nossos julgamentos a respeito dos seres. Nossa capacidade para asnidades, estupidezas, para pensar e proferir absurdos hediondos, está farta e igualitariamente distribuída pelo samsara afora. Coisa que, em verdade, sabemos bem, embora não gostemos de lembrar.
Felizmente temos este senhor como cônsul!
O que teria ganho a humanidade caso ele, do lado do mal, desenvolvesse estas suas convicções e idéias em ações!
Enquanto milhares de pessoas como eu e ele, estão feridas, incapacitadas, sem saber se suas mães, pais, filhos e filhas, irmãos e outros queridos e amados estão vivos ou mortos sob escombros ou se já foram enterrados em valas comuns, enquanto milhares de corpos como o meu e o dele estão apodrecendo sob o céu, impondo mais sofrimento e risco aos que ainda respiram, o digno senhor sussura tão insanas palavras...
O link, abaixo.

sábado, 9 de janeiro de 2010

algo pertinente

Dias atrás eu publiquei um diálogo impertinente.
Lendo o livro How To Live Without Fear And Worry do conhecido e mui reverenciado bikkhu do Theravada, K. Sri Dhammananda, que teve sua primeira edição em 1967, cheguei no trecho muito pertinente que traduzo abaixo.

pág. 138
Ingredientes Para A Felicidade

Na construção de uma vida feliz e plena de significado devemos exercitar nossas compaixão e sabedoria, as duas asas que podem elevar uma pessoa ao auge da perfeição humana. Se desenvolvemos o aspecto emocional negligenciando o intelecto, nos tornaremos tolos de bom coração. Enquanto que o desenvolvimento do nosso lado intelectual negligenciando o emocional nos tornará frios de coração, sem sensibilidade aos outros. De acordo com o Buddha, compaixão e sabedoria devem ser desenvolvidas juntas para que a pessoa alcance a libertação. Uma vida plena é inspirada pelo amor e guiada pela sabedoria.

O trecho em inglês:
Ingredients for Happiness

In building a happy, purposeful life, we should exercisie our compassion and wisdom, the two wings that can fly man to the summit of human perfection. If we are to develope the emotional aspect neglecting the intellectual, we will become good-hearted fools, while the development of our intellectual side at the neglect of the emotional will make us hard-hearted intellectuals with no feelings for others. According to the Buddha, compassion and wisdom must be developed jointly for man to gain liberation. Good life is inspired by love and guided by knowledge.

Conheça K. Sri Dhammananda aqui.

***

É dito que a compaixão tem dois principais obstáculos para o seu desenvolvimento. De um é dito ser distante. Do outro, próximo. É o próximo que exige mais atenção.
O inimigo distante é aquele óbvio e por isso relativamente mais fácil de ser identificado e combatido. É o ódio, a aversão.
O próximo nos engana. Nos confunde. Nos dá a impressão de que estamos indo bem enquanto esconde a aproximação do inimigo distante para, quando menos esperarmos, sermos sobrepujados!
O inimigo próximo nos enche de compaixão pelo cachorro. Mas não pelo carrapato! Como disse um amigo meu numa discussão.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

ano novo, impermanência e morte

O ano acabou em chuvas na minha região. Nuvens carregadas estragaram a festa de muita gente. E muita gente começa o ano sem casa, comida, dinheiro e saúde. Alguns sem vida. A situação mais triste é de uma cidade patrimônio histórico do estado de São Paulo: São Luís do Paraitinga.
Construções da época colonial ruíram devido a enchente que cobriu a maior parte da cidade. A igreja matriz foi completamente destruída. Foi ao chão. Casas, pontos de comércio, histórias apagadas. Gente que começa o ano no zero.
Uns dias antes do desastre, eu passei duas vezes pela entrada da cidade. Estava tudo bem. Construções de pé, vaquinhas pastando, rio correndo. Aí, veio o réveillon.
Quando eu era moleque tinha a mania de pensar: como estarei daqui a dez anos? Tinha a sensação de que eu seguiria seguramente pelos anos afora e em dez estaria de tal ou qual forma.
Hoje é diferente.
Estava no trabalho, ontem, pensando em uma data que virá daqui a alguns meses. Um evento. E tive uma clara sensação do quão estranho é pensar assim. Uma sensação de absoluta incerteza. Como eu posso saber se estarei aqui em alguns meses? Sem verbalizar desta forma, foi o alerta que piscou na minha mente. Isto, curiosamente, não implica em aflição, tristeza, morbidez. Há um senso sutil de séria consideração pelo momento presente. De reconhecimento e reflexão sobre o fato de que neste processo que sou eu, nada vai sobreviver até lá, mas cada ato, pensamento, fala, intenção e hábito será o condicionante daquilo que surgir. Daqui a pouco, amanhã, mês que vem, daqui a dez anos, depois de uma tragédia...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Rhalah Rikota ou sabedoria ishperrta

Não sou de plagiar muito (não conscientemente, ao menos!), mas vi este numa visita a um blog amigo e não resisti a por aqui também!!
Eis a letra para quem quiser acompanhar! Mas as imagens já dão um recado!
Para quem não entender o título da postagem, digita no Google. É um dos meus preferidos.

Speech by ReadSpeaker