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Bornes relacionados com Miniaturas

Buscando...?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

o valor da introspecção

Palestra do professor Ricardo Sasaki (Dhammacarya Dhanapala), do Centro de Estudos Buddhistas Nalanda no Youtube, dividida em três partes, a partir do link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=FZug1cz85qg

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

miséria é miséria...

Um amigo fazia considerações num grupo de estudos virtual sobre a etimologia da palavra karuna que é traduzida do pali como compaixão e isso estava lá num cantinho da cabeça.
Indo trabalhar e conversando com outro amigo, viajávamos falando. Passeamos por corrupção, Brasil, natureza humana e chegamos no trabalho.
Na empresa criaram recentemente um número maior de vagas preferenciais. Nos finais de semana, estas vagas estavam lotando pois, como é para ser, ficam em local privilegiado, mais próximo da portaria principal de entrada. A segurança da empresa, então, passou a interditar as vagas. Caso um real beneficiário da vaga precise, imagino que deva passar pelo incômodo de acionar a segurança para retirar um cone! Como estávamos lamentando a humanidade, comentamos: "Olha aí! É nas pequenas coisas que devíamos prestar atenção! Ninguém respeita o mínimo de regras!" No que eu lembrei que num supermercado próximo da minha casa há também as tais vagas. Talvez por não estar na região central, sobra espaço. As vagas preferenciais, claro, são em local privilegiado, então o que eu faço? Estando vazias, eu paro ali o meu carro quando tenho coisa rápida para fazer!
Bumba!
Olha a natureza humana aí! Se eu não sou portador de nenhuma necessidade  especial ainda, por que eu paro alí? E toda aquela indignação sentida com respeito aos desreipeitosos ocupadores de vagas caiu por terra! Eu sou um deles! Não são pequenas coisas que nos condenam, ora bolas?
E aquela reflexão sobre karuna estava lá no canto...
Normalmente, relacionamos compaixão imediatamente com sofrimento. Mas uma forma de compreeder karuna inteiramente, está em sentir-se como nada mais do que  o que se é, de acordo com a realidade exposta pelo Buddhadhamma: somos um composto condicionado, só isso! Sem um ego permenente para possuir este ou aquele status de bom ou ruim. São só condições, elementos kammicamente impulsionados. Há sementes germinando todo o tempo na dependência da escolha que fazemos: vivermos em atenção vigilante (satisanpajanna) ou apenas instintiva e habitualmente reagirmos aos estímulos do mundo em busca do sempre evanescente conforto que ele oferece. Há sentido na indignação com pessoas?
A questão é aquilo que germina dentro de nós todos. Sentirmo-nos iguais na miséria das ilusões é um poderoso fundamento da compaixão. Enquanto concebermo-nos indignados defensores da bondade e do amor, sem enxergar profundamente o lodaçal do qual fazemos parte, porque o lodo fermenta de nós, acho que não há como karuna ser compreendido e incorporado na nossa vida.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

alegria, alegria

Eu saía da loja e entrei no carro. 
Com a chave no contato, olho pela janela lateral. Mas que desgraça é esta?! Minha mão fica parada na chave. Eu fico olhando o rapaz urinando do outro lado da rua, em plena luz das 09h 30 da manhã enquanto pessoas circulam com e sem suas bolsas pelo pequeno centro da minha cidade. 
Olho até o fim aquela excreção. Por isso percebo ao lado do rapaz um copo descartável que, tendo ele terminado de aliviar-se, abaixa-se para pegar. Não é água o que tem ali. Apesar de parecer incolor. O rapaz tem uns vinte e poucos, é um velho conhecido meu, mora nas redondezas do meu bairro e merece um texto só para ele, um dia. Mas hoje ele fez-me  refletir sobre algumas coisas... Como esta nossa alegríssima celebração da vida e dos seus prazeres que é o carnaval começa cada vez mais cedo a cada ano! E como começa mais cedo para aqueles que estão mais emaranhados nos hábitos não habilidosos que o samsara nos oferta!!! 

***
Ontem eu assisti "Se Beber, Não Case!". 
Há muito tempo que eu não ria tanto com um filme!
Lembrei como rir demais pode ser doloroso e desconfortável!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

todos iguais

Assim como eu sou, os outros também são.
Esta fala do Buddha é um maravilhoso pensamento guia para a nossa vida. 
Através da meditação, do cultivo mental, da vigilância e disciplina, começamos verdadeiramente a saber o que é bom para nós. O que nos favorece, o que nos atrapalha. Um saber que é qualitativamente diferente daquela convencional certeza ditada pelos sentidos que dirige insaciavelmente para a experiência do prazer a todo instante. 
Só o saber oriundo da prática meditativa, e não quero dizer só o sentar, fechar os olhos e tal, nos revela a natureza da nossa real necessidade. Esta introspecção, que pode parecer ao mais apressado mais um tipo de egotismo, na verdade é o que fundamenta o desenvolvimento do verdadeiro amor, consideração e respeito ao próximo, ao outro. Daquele reconhecimento interior é naturalmente que surge a vontade de que todos experimentem o mesmo. O desejo de que todos desfrutem de um estado mental que favoreça o conhecimento da realidade nos brinda com um senso de responsabilidade pela mente alheia, pelos estados mentais do outro.  Daí o próximo passo é assumir, consigo próprio, o compromisso de contribuir com a paz no mundo desde um ponto vista mínimo e imediato: manter-se alerta para que aqueles que nos cercam estejam protegidos daqueles fatores mentais cegantes e obstrutores que começamos a conhecer. Tudo vindo da descoberta de que há muito tempo,  sem saber, o que eu queria era a paz e que assim como eu sou, os outros também são.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

hai kai

Brincando com amigos pipocaram estes versinhos. 
Andei versando por aqui, acabei lembrando destes esquecidos!








cabelos brancos, rugas, dores
a cada bela primavera
mais disso e um pouco mais

***

repare bem como
se arrasta a barata meio pisada
parece amar a vida!

***

cadáver de cachorro no caminho
paro todo dia a acompanhar as mudanças
chego arfando no trabalho

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

bikkhu bodhi

Eu, em função do grande respeito, admiração e gratidão por este bikkhu que nunca vi pessoalmente, contenho minha compulsão por dissertar algo sobre ele há um bom tempo. Sei que o que quer que eu escreva não fará jus à importância que ele tem para a minha vivência do Buddhadhamma.
Mas o último ensaio dele que li, não cito aqui por questões de direitos autorais, me arrebatou. Resolvi que um texto breve me pouparia de confrontar minha incompetência para honrar o seu valor. Mas que, sendo intenso, talvez seja capaz de servir como incentivo para que mais seres se beneficiem de sua sabedoria.
A primeira característica dele que me cativa é a opção que faz por falar de forma absolutamente clara, simples e direta sobre o dhamma. Com ele não tem termos nem raciocínios obscuros ou herméticos. Quando a gente não tem muito conhecimento do dhamma a gente entende o que o texto diz. Quando a gente vai ganhando experiência, entende o que o bikkhu quer dizer! Ou seja, o encantamento com a beleza do dhamma, o deleite no dhamma do Buddha só crescem, quando amparados pelas palavras deste kalyanamitta.
Seus textos fluem como equações. 
As idéias vão se encadeando e revelando-se a cada parágrafo como se eu fosse descobrindo os Xs e Ys do dhamma. As simetrias dhammicas surgem bem diante de mim como se o pote que estava emborcado fosse posto de pé para receber água pura. E a água ele também mostra onde está, sem reservas. Como o nosso mestre, o Buddha, ele não esconde nada nas mãos. O dhamma que sai delas, sai luminoso, iluminado, visível no aqui e agora. Bikkhu Bodhi me convida a vir e ver o dhamma em qualquer lugar, em qualquer momento. Mas principalmente, os textos me esclarecem o interior.
São muitas as vezes em que saio de uma leitura com a mente fresca, confiante, extasiada com a beleza do dhamma do Buddha.
Não sei até que ponto a questão da afinidade e do gosto pessoal interferem, mas recomendo a todos aqueles que queiram aprofundar-se no buddhismo, que experimentem ler, várias e várias vezes, os textos do Bikkhu Bodhi. 
Àqueles que tiverem a fortuna de encontrar com ele, peço que me consigam um autógrafo!

Speech by ReadSpeaker