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Buscando...?

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

é fogo

é fogo! "o mundo está em chamas". se nos debruçássemos sobre esta rica, riquíssima imagem... só nesta frase do Buddha há tanto ensinamento...!
está aqui a impermanência, o apego, o sofrimento, a condicionalidade... tudo no fogo. haverá ainda coisas que não vejo.
depois de um certo ponto de entendimento e esforço, bastam poucas palavras para tomar um dia de reflexão. 
depois que se é tomado pelo movimento da roda do dhamma, pode-se desacelerar num momento ou noutro, mais ou menos como corpos que se chocam e se afastam dos braços de um redemoinho, mas logo volta-se, atraído pelos laços que nosso próprio entendimento e empenho construíram. 
uma vez iniciado o processo de retroalimentação entre compreensão e confiança no dhamma, penso que dificilmente haverá escape. não haverá sequer o menor desejo de escapar. e este processo inicia-se, penso eu, justamente do foco mantido na primeira nobre verdade: dukkha existe. não enxergo outra porta mais segura para o dhamma do Buddha. se por esta se entra por escolha sabiamente ponderada, provavelmente não haverá como sair. por isso, ouso pensar, o Buddha começa por aí. 
pelo oposto disso, penso sem necessidade de ousadia, vê-se tanto pseudodhamma por aí. 
esta porta é segura porque nos permite almejar a transcendência sem nos perdermos em elucubrações irreias. é uma verdade sempre clara, aguda e a disposição, sempre presente como a respiração, que vai de aspectos grosseiros a sutis. ainda mais evidente que a impermanência, outra verdade sempre à vista, dukkha, por nos aparecer primordialmente pela via das sensações, nos mantém, se assim nos comprometermos, sempre atentos ao todo do dhamma.
ver o mundo em chamas torna-se um hábito, aos poucos. e ascende. 
o fogo desperta e ilumina. 
ou aconchega e adormece.
depende daquilo que cada um escolha fazer com o conhecimento do fogo.
você desperta e vê. 
ou dorme e morre queimado.

***

"Aquele que vê o perigo do saṁsāra é aquele que vê as falhas, o problema deste mundo. Neste mundo, há tantos perigos, mas a maioria das pessoas não os vê, elas veem os prazeres e a felicidade do mundo. Agora, o Buddha diz que um bhikkhu é aquele que vê o perigo do saṁsāra. O que é o saṁsāra? O sofrimento do saṁsāra é esmagador, é intolerável. A felicidade também é saṁsāra. O Buddha nos ensinou a não se apegar a eles. Se não vemos o perigo do saṁsāra, então, quando há felicidade, nós nos apegamos a ela e nos esquecemos do sofrimento. Nós somos ignorantes em relação a ele, como uma criança que não conhece o fogo". - Ajahn Chah (trecho de um texto a ser publicado pelo nalanda)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

saída, pelo vazio!

o vazio pode se tornar rota de fuga e, assim, esvaziar-se de seu verdadeiro significado.
um sintoma: "ai que dor de dente!" e a pessoa que foge pelo vazio diz a você com as sobrancelhas bem arqueadas: "não há dor de dente. tudo é vazio..."
um tempo depois você diz para ela: "tem um bolo de chocolate na salinha do café..." e ela diz, com olhos esbugalhados: "ai! guarda lá um bom pedaço para mim! vão comer tudo!!".

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

assente

assente-se
sinta
saiba sua matéria sendo só o que é
saiba-se sem certezas
esqueça
deixe ser a carcaça sumindo aos poucos 


simples

mente
e
massa
aceite ser só isso
cessando
não seja mais
nada
e
silencie

terça-feira, 6 de novembro de 2012

qual é a diferença?

volto constantemente à vida do Buddha. nem sempre literalmente, de pegar e ler tudo de novo (dois livros que me são especiais: velho caminho, nuvens brancas seguindo as pegadas do buda, de thich nhat hanh e buda de karen armstrong, volto mais em lembranças de passagens.
estudando o dhamma, seja ouvindo, seja lendo, um ensinamento ou outro acaba trazendo reminiscências da biografia do Tathāgata e complementando ou aprofundando o entendimento do que estudo. 
a vida do Buddha educa.
o Buddha tem se tornado cada vez mais humano. vai ficando próximo, vai virando um conhecido. mais além de um amigo que existiu e é representado hoje no altar. e passo a pensar nele vivendo por aqui, hoje, no meio de tanta poeira. no meio de tantos empoeirados. entre nós.
tenho refletido nas diferenças que manifestamos. 
há momentos em que estamos mais voltados para o caminho, e portanto mais próximos do Buddha e outros opostos. vemos alguém sofrendo, vemos algum sofrimento, e pensamos 'coitado, como sofre, como sou feliz por não ser ele' ou então 'eis o sofrimento que nos ata e dói a todos'. alguém morre e 'coitado...' ou 'sou eu logo mais'. alguém feliz! 'que sorte a dele! quando chegará a minha vez...?' ou 'que sorte a dele. que tire o melhor proveito...' 
o Buddha viu, fundamentalmente, feliz ou infelizmente, as mesmas coisas que nós vemos hoje e estas mesmas o levaram a se tornar quem foi. estaremos nós atentos a esta diferença? me parece que a resposta que damos ao que nos surge a todo instante tem o poder de nos aproximar do Buddha tanto quanto os mantras, as meditadas, as recitações, as verborragias. precisamos definir para nós as respostas e escolher quais iremos dar.

Speech by ReadSpeaker