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Buscando...?

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

feliz 2013

a todos que passam, um feliz ano novo.
que tenhamos as melhores condições para nos dedicar ao que realmente nos importa.
que nossos esforços deem fruto; que nossas ações sejam recompensadas.
que possamos ser uma ilha para nós mesmos e uma boa companhia para os outros.

hiri, ottapa, satisanpajanna e yoniso manasikara.

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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

reencarnação? deixe isso para depois da morte

a gente encarna neste assunto desde os tempos do Buddha e antes: o que eu fui? o que eu serei? eu fui ou não fui? serei ou não serei?
no que o Buddha replica: você sabe o que você é?
o Buddha nos diz que nossa visão da realidade é distorcida, equivocada, doente, iludida. e é com base nesta visão, é desta perspectiva presente, que nos pomos a questionar o que virá.
aconteceu, algumas vezes, ter de responder se eu acredito em reencarnação. como é que vai se explicar isso? vem aquela história de que não é bem reencarnação pois tudo muda e tal... mas no fim das contas fica a sensação de que não há muita diferença na diferença que um buddhista, com algum conhecimento de anatta, vê e aquilo sobre o que pergunta o curioso.
o fato é que pensamos num tipo ou outro de continuidade tão impossível de provar quanto a existência ou não de deus. e, na minha opinião, tão fútil quanto.
na última vez em que fui questionado respondi que sim, acredito em um tipo de continuidade, mas que sei que acredito e não acredito que sei.
seria muito mais produtivo tentar apresentar para a pessoa a natureza distorcida de nossa visão de mundo, falar que nestas bases em que nos sustentamos a pergunta é desinteressante e inútil, que antes de nos preocuparmos com este assunto há outros mais pertinentes para nos ocuparmos e buscar corrigir e compreender... mas não chegamos perto disso e já correram ou mudaram de assunto. o que interessa somente é saber se partilhamos em algum aspecto da estupidez da maioria. aí, no fim das contas, em nome de alguma coisa que fica entre o enfado e a convivência amigável a resposta acaba sendo sim, acredito, me passa aí um pedaço de bolo...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

nós nos amamos muito

temos uma danosa dificuldade de nos enojar de nós próprios. 
conhecer nossa doença, passo fundamental para o processo de cura, é coisa que dificilmente passa pelas nossas cabeças sempre ocupadas com a avidez de viver. nem mesmo reconhecer os incontáveis e óbvios sintomas que abundam em pensamentos, palavras e ações, principalmente ações. 
fugimos em manada. seguimos nos atropelando a cabeçadas. 
não falo de odiar-se, ou cultivar baixa auto-estima, não é isso. tais coisas me parecem ser uma outra face da moeda do egotismo. quem tem este tipo de problema parece não se enxergar merecedor da imensa paixão que sente por si próprio.
acredito que precisamos cultivar, como buddhistas, a capacidade de nos enojar de nossas condutas inábeis, aquelas que não nos aproximam da meta, do nibbana, do apagamento da chama, ou seja, nos enojar de muita coisa.
mas nosso amor não permite. 
os sinais podem ser vários que damos um jeito de 'não... não é tão grave', 'ele (ou ela) mereceu', 'me provocou', 'todo mundo faz', 'preciso viver!'... e por aí seguem as infinitas estratégias da paixão.
apontar o outro é sempre mais fácil, então eu, tirando proveito desta facilidade, vejo sempre isso, essa dificuldade das pessoas em dar ouvidos, olhos e atenção para si mesmas e para os efeitos que causam sobre o ambiente e os outros ao seu redor. nenhuma disposição para enxergar que mancamos, andamos meio tortos num mundo, por si, meio torto.
caso você tenha chegado até aqui vou dizer o porquê dessa nova mesma coisa de sempre neste repetitivo blog: estava lendo, numa comunidade de divulgação buddhista, sobre o problema das 'novidades' no buddhismo. discutiam sobre o pitoresco e os perigos das 'novas abordagens' que surgem cada vez mais, conforme o buddhismo vai se acomodando no ocidente.
as novas denominações religiosas sempre ganham a minha atenção, na minha região surgem inúmeras, qualquer dia eu conto, só na minha cidade, quantas diferentes existem e publico em algum lugar. e isso é um fenômeno desde que uma religião começou, o buddhismo não está livre hoje como nunca esteve ao longo de sua milenar história.
mas o que isso tem a ver é que aquilo que insisto sempre ser a abordagem do Buddha com respeito à vida é um poderoso sistema de defesa contra tais novos profetas. estivéssemos dispostos a abordar a vida como uma doença e a investigar sob tal abordagem, talvez fôssemos melhor blindados contra as propostas de melhoria que nos apresentam. uma vez que 'todo fenômeno composto é sofrimento' me aproximo de qualquer pessoa atento aos defeitos, às falhas, aos sintomas da doença de viver que ela apresenta. isso não é arrogância ou preconceito, de forma alguma, porque eu próprio, obviamente, me vejo desta exata forma. você pode dizer que é uma forma meio negativa de viver, aí eu respondo: é, pode ser...
confiando na fonte de referência que escolhi para conduzir minha existência, a palavra do Buddha conforme o cânone pali, tudo e todos me aparecem como capengas, em primeiro lugar. a partir daí as coisas pioram ou ficam menos ruins.
por outro lado, a abordagem da afirmação da vida, esta que nos é instintiva e, por consequência, cultural e religiosamente imposta é plenamente favorável ao surgimento de todo tipo de engodo uma vez que a própria postura afirmativa é o engodo máximo.
e eis um dos aspectos danosos da nossa incapacidade de nos enojar de nós próprios. sem a coragem de perceber e nos aprofundar em nossa própria doença, nos fazemos cegos para a doença do outro. se não nos convercermos da incompatibilidade óbvia entre a postura afirmativa da vida e o pensamento fundamental do Buddha vamos continuar a criticar, rir e apontar os problemas do borbulhar de novas novidades no mundo buddhista sem aprender o que, penso, isso tem a nos ensinar. muitas vezes inclusive, sendo bons e positivamente sábios buddhistas vítimas inconscientes do nosso amor pela vida e de algum dos seus profetas.
e podemos fazer algo com respeito aos novos iluminados e seus empolgados seguidores? não, claro que não. só podemos, como sempre, fazer algo a respeito de nós mesmos.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

tu és só isso

mente e matéria. 
nada mais. 
uma condicionando a outra. 
só isso.
não é uma descrição agradável quando contemplada cuidadosamente. implica em que no visto há só o processo de ver, no degustado só o processo de degustar, no ouvido só o ouvir, no sentido só o sentir, no pensado só o pensar. tudo começando só para acabar, começando a acabar já no começo. nenhuma testemunha para curtir ou dar um plus. onde não há ninguém, ninguém há para haver, apesar das aparências. esta mesma aparência que faz de tudo tão sofridamente frustrante. 
segundo a segundo; hora a hora; dia a dia; semana a semana; mês a mês; ano a ano; só isso.
aparência até o fim.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

a morte do ego

...essa coisa de matar o ego...! isso é impossível! ninguém mata ou anula o ego! 

tá. olha só, você está repetindo uma coisa que ouviu, leu ou recebeu por email. não tem conhecimento sobre, mas por direito pode falar a respeito. vou te dar um exemplo que, estando mais adequado ao seu campo de interesses, pode ajudar você a ter uma noção melhor do que está falando. 

ah... por favor! 

o isaac newton compreendeu porque as coisas caem e porque os astros giram em torno uns dos outros. elaborou equações pelas quais o mundo progrediu e tal. aí surgiu o einstein e boa parte do que disse o newton teve que ser reinterpretado ou mesmo abandonado em condições mais extremas, certo? 

certo. a relatividade ultrapassa a mecânica clássica em termos de precisão e derruba os conceitos de espaço e tempo absolutos. 

obrigado. pois bem, o mundo funcionou e, na maior parte dos casos, funciona muito bem sob as regras da mecânica clássica do newton. só na medida em que mais precisão é requerida é que entram as descobertas do einstein. 

tá, obrigado por me ensinar o que eu já sei. o que isso tem a ver? 

tem a ver que até certo ponto funciona e parece, incontestavelmente, real. é correto dizer que o einstein "matou" ou "anulou" a mecânica clássica ou a força da gravidade? 

não, ele só "ajustou" as coisas. 

é correto dizer que ele NÃO matou a gravidade clássica por que esta nunca existiu? 

... sim... é correto, sim...

então, o Buddha e ninguém depois dele, "mata" ou "anula" o ego porque o ego, conforme entendemos, nunca existiu. funciona, como a gravidade da mecânica clássica, mas a medida que nossa sagacidade mental se desenvolve começamos a perceber sua imprecisão e o castelo vai ruindo. essa "falta de precisão" que percebemos é, basicamente, o motivo da precariedade da felicidade ordinária do "ego clássico", falando nos termos da nossa analogia. 

... 

percebe agora? do ponto de vista buddhista não há que matar ou anular nada, só compreender um equívoco. quando uma pessoa acha que precisa de níveis mais "precisos" de felicidade ou realização, há o Buddha e sua disciplina para que ela teste. assim como para que o gps funcione é preciso que a troca de informações entre os satélites e os receptores seja calibrada levando em conta as distorções do espaço-tempo.

...

só isso.

...

eu vou escrever e te mando.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

deixa chover

...não consigo compreender esta coisa do refúgio...

é. é uma noção meio estranha, entendo sua dificuldade... mas talvez te ajude o seguinte: imagine que você é pego por uma chuva, uma chuva daquelas, a pé, sem capa nem guarda-chuva. aí você encontra uma marquise, uma ponte, um abrigo qualquer. imagine esta cena ou melhor, relembre a sensação, acho que é uma experiência bastante comum, e talvez ajude a você entender o refúgio.

sim... mas e a chuva! que chuva é essa!?

basicamente é tudo que não temos controle na vida: velhice, doença, morte, perdas... como a chuva, vão continuar caindo em nós, mas temos um refúgio agora... mais que uma marquise, encontramos uma casa de impermeabilização! o Buddha é o proprietário, aquele que descobriu o método de impermeabilização mental; o método é o dhamma; a sangha são os que nos conduzem no processo, saem na chuva e voltam impermeáveis para nos mostrar...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

tédio

...tudo bem, tédio também é sofrimento. o problema, talvez, é que na maioria das vezes é um sofrimento fraquinho, insuficiente para gerar alguma mudança significativa e sempre há os remédios clássicos: novidades excitantes competindo com o, digamos a verdade, inicialmente amargo Buddhadhamma.
mas do estou falando, afinal?
é que dia destes conversávamos, por cima, superficialmente, sobre a classe média e o buddhismo e, convenhamos, o grosso dos buddhistas por aqui está da média para cima. por razões lógicas e justas: mais cultura, mais viagens, mais acessos. e, também e lamentavelmente, por mais tédio. não sei como é ter tudo, ou muito, do que se quer, mas deve ser meio chato depois de uma meia vida...
aí, como o tédio me parece ser o que disse acima, acaba gerando a busca por uma espécie de buddhismo adocicado, um buddhismo prozac, um buddhismo smurf. um buddhismo que não consegue se impor, como solução, para aquilo que o shopping sempre pode aliviar, uma vez que esta é a função sagrada dos shoppings. um buddhismo que cativa pelo que tem de menos importante: cores, costumes culturais de lá e de acolá, concertos dos beach boys, entrevistas do richard geere, cabeças raspadas, trejeitos e palavras de sabedoria de um ou outro sábio e compassivo. enquanto a vida segue e aqueles aspectos que me parecem ser a razão fundamental do buddhismo vão para debaixo do tapete mágico. e os grupos se reunem sorridentes, sem forçar a barra, em seus voos razos.
a pior coisa que pode acontecer para um bon vivant é ele gostar de buddhismo. e muito pior isto é para o dhamma.
fazer o que? a vida é imperfeita.
mas não diga aos bon vivants do dhamma que a vida é imperfeita: depois que eles conheceram o dhamma, a vida tornou-se linda!


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

aqui estou, mais um dia

no fim do ensaio 'the taste of freedom', bikkhu bodhi diz:

Em sua plenitude, a liberdade para a qual o Buddha aponta como a meta do Seu ensino só pode ser experimentada por aquele que conquistou a realização da meta, algo que diz respeito a sua vívida experiência pessoal. Mas assim como o sal empresta o seu gosto a qualquer comida que tempera, assim também o sabor da liberdade penetra toda a Doutrina e Disciplina proclamadas pelo Buddha, no começo, meio e fim. Qualquer que seja o grau do progresso em que estamos na prática do Dhamma, na correspondente extensão pode o sabor da liberdade ser sentido. Sempre deve ser levado em consideração, contudo, que a liberdade verdadeira — a autonomia interna da mente — não surge como um presente da graça. Só pode ser obtido pela prática do caminho que conduz à liberdade, o Nobre Caminho Óctuplo.
mas tem dias terrivelmente quentes em que você acorda suando. ainda que sem saber o que é caminhar sob a mira de uma hk, sente que está verdadeiramente emaranhado. o calor, pequenas coisas, a coprofagia da sua yorkshire, um conflito que surge entre a renúncia e o sorvete de chocolate com paçoca, entre a meditação, a tv por assinatura e a internet. você imagina como seria pular ao invés de transitar por aquela mesma ponte, de todo mesmo dia.
tem dias em que olhar para cima e não ver nada, olhar para os lados e ver tudo, olhar para o espelho e ver só aquilo que tem para ver, te leva a sentimentos confusos que não se decidem alegria ou tristeza. e agrilhoam.
não.
tem dias difíceis.
neste dia você conversa com um bom amigo, que aos seus olhos tem motivos para não ser como você está.
mas este amigo diz que sim, que você tem razão, que a vida é realmente o que parece. que tudo dói e viver é um desastre que sucede a alguns. e aí você sabe que este é, com toda a certeza do mundo, um bom amigo. um bom amigo por não dizer que a vida é bela, que há um sentido maior, que tudo vai acabar bem no final. não. um bom amigo te diz a verdade. e você decide o que fazer com ela.
e você lembra de um outro texto, talvez de um outro autor, não lembro, em que é dito para que nos matenhamos conscientes de uma coisa muito importante: tudo, todo momento, todo movimento é dependente de condições.
e aí brilha uma centelha.
aí, apesar de nada mudar, apesar de tudo, parece que você tem escolha. aquela liberdade da qual falou o bikkhu bodhi começa a clarear a sua frente.
se você está aqui, o fim é certo. todo o sofrimento continuará, é só isso, você está preso. mas você pode escolher continuar presa das condições que fazem você imaginar o salto, ou escolher as condições que vão te fazer atravessar para o outro lado. você pode escolher ceder ao hábito de querer que tudo mude ou pode escolher a alegria de estar se aproximando da verdade pela contemplação da verdade visceral que se apresenta. pode escolher a alegria de resistir, a alegria de desistir, a alegria de saber aquilo que pode no momento: Qualquer que seja o grau do progresso em que estamos na prática do Dhamma, na correspondente extensão pode o sabor da liberdade ser sentido.
e nada muda, mas aqueles sentimentos, antes confusos, agora você sabe: uns são alegria, outros são tristeza.
você sabe alguma coisa da verdade.
você escolhe o que fazer com ela.



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