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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

as voltas que o mundo dá

falei: "aproveite bem esse tempo sozinho. algumas das minhas melhores lembranças da infância são de momentos de solidão." no que de pronto, franco e veloz, como os pequenos são, ele replica: "puxa, sua infância foi horrível, hein!?"
pois é. não foi. ou talvez tenha sido...
quando a terra está perto de completar mais uma volta em torno do sol coisas assim acontecem e são percebidas, intensificando a inclinação à reflexão. mais de quarenta voltas, agora. e aí?
outra boa que me remeteu àqueles infantes mas não menos atormentados tempos foi ao ler no livro passo a passo, publicado pela edições nalanda via amazon, o mestre maha ghosananda falar de um método de meditação em que se mantem a atenção focada por longos períodos apenas no movimento da mão a subir e descer. eu ficava, na minha pequenina concha, por tempo abrindo e fechando a mão intrigado com o que afinal, misteriosamente, fazia aquela mão se mexer.
tempos que não voltam mais. 
mas só tempo que continua como sempre. 
não tenho qualquer saudade do passado, seja ele qual for. nunca penso em reviver nada ou em como era bom. porque nunca me parece ter sido tanto assim. tenho uma espinhosa consciência das imperfeições na jornada que continua. "eu era feliz e não sabia" é uma frase que ainda não disse. cuido para que nem mais adiante. 
meu gosto pelo dhamma do Buddha certamente vem disso, desse tom mais para "nunca fui feliz e sempre soube". 
certa vez num grupo de estudo buddhista eu fiz uma brincadeira com a minha visão de como teria sido a infância do menino que viria a ser o Buddha. uma criança esquisita como eu gostaria que tivesse sido. isso certamente para eu crer que tenho alguma chance, apesar de tudo. para que todas essas voltas que o mundo tem dado comigo sem o meu consentimento sirvam para algo além do que tem sido. 
mais de quarenta. e aí?
o mesmo. 
agora autorizado por um grande mestre, sento e foco no movimento de subir e descer da mão sabendo que não há nada de estranho nisso.


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