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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

marvelous

na marvel comics vivem homem-aranha, homem de ferro, thor, hulk, quarteto fantástico, x-men... não batman, superman e mulher-maravilha, que são de outra editora, a dc comics. 
em ambas frequentemente o universo é salvo da destruição completa. 
nestas realidades a humanidade convive com incontáveis outras raças inteligentes de outros mundos e mesmo de outros universos e dimensões, quase sempre superiores em algum ou vários aspectos, mas quem salva tudo sempre somos os nós de lá. um dos principais autores da marvel atualmente, vi dizer em algum lugar pela rede, que pretende explorar esta questão do porquê, afinal, de uma bolinha na periferia da galáxia habitada por um tipo tão primitivo vem os salvadores de tudo. sempre.
este assunto me veio à cabeça após ler uma menção, no meu ver provocativa, feita a deus por ajahn buddhadasa, num trecho do que parece ser um próximo lançamento da edições nalanda. lá o mestre diz o que poderia despertar o interesse de um buddhista pelo reino de deus.
mestres buddhistas falando de deus é coisa de que nunca gosto. mas entendo a necessidade do esforço diplomático que todo líder precisa empreender. 
não me parece ser o caso no trecho que li, mais uma provocação bem humorada mesmo.
mas vira-e-mexe acontece de eu achar pela rede professores entrando por esse diálogo e se arriscando ao resvalo no transcendentalismo ou no substancialismo ou outro ismo que não o pragmatismo e experiencialismo radicais do Buddha.
o Buddha, e todos os que o seguem até hoje que são do meu interesse, são peremptórios em afirmar que a condição mor para a desgraça do mundo é a ilusão do eu. todos os professores desde as fontes mais antigas são taxativos e criteriosos em negar o eu e reapresentar os argumentos do Buddha com relação à necessidade de desfazer tal ilusão.
mas quando o assunto é deus eu vejo o surgimento de uma síndrome do veja bem, como se deus não fosse, do ponto de vista buddhista, e principalmente o deus dominante que é o judaico-cristão, a mais perniciosa versão do ego. pois que foi reificado como único, como verdadeiro e fonte de tudo. foi dos deuses que inventaram para nós o que assumiu as rédeas da cultura ocidental, influenciando inclusive a ciência (sobre isso vide o livro 'criação imperfeita' do físico marcelo gleiser) além de chegar a infectar o oriente. domina e infecta justamente por ser a derivação suprema da ilusão fundamental sem a qual não haveria dukkha.
e fruto da nossa instintiva busca por importância no cosmo.
os argumentos podem ser vários, mas no fim das contas o que queremos mesmo é ser especiais, divinos em qualquer medida. tanto que corrompemos mesmo as sábias instruções do Buddha.
quando o Buddha nos diz, por exemplo, que o início e o fim do mundo (universo) cabe neste corpo de metro e pouco, é mais agradável igualarmos este corpo ao grandioso cosmo, apesar de evidente que é o cosmo, com todas as suas estrelinhas, planetas, galáxias definhando rumo à extinção, que precisa ser igualado a este medíocre corpo, ou não é? este fato em si do inefável rumo à dissolução, diz o Buddha em outro trecho das escrituras antigas, deveria ser suficiente para que brotasse em nós o mais sábio desconforto e desencanto. mas preferimos criar uma salvação divina, assim como criamos nos quadrinhos.
mas mesmo nas histórias em quadrinhos questionar o senso de valor e importância próprios é algo que ocorre vez ou outra.

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