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Buscando...?

terça-feira, 29 de abril de 2014

na sequência

Após ter publicado o post de ontem, li a passagem do "From Grasping to Emptiness – Excursions into the Thought-world of the Pāli Discourses (2)", do Anālayo Bikkhu, que traduzo abaixo entendendo que está em linha com aquilo...

Agora, a que equivale a visão correta por meio das quatro nobres verdades? Em termos práticos, equivale a identificar qualquer forma de apego como uma causa para o surgimento de dukkha. Agora, ser capaz de identificar o apego como e quando se manifesta requer monitoramento da condição mental de forma tão contínua quanto possível. O princípio orientador para tal monitoramento é a mera pergunta: 'isso conduz a dukkha?', ou: 'isso conduz à libertação de dukkha?' - um questionamento a ser feito tanto em relação a si mesmo quanto a outros.
A repetição mental ou lembrança regular deste aforismo simples lentamente vai construindo uma consciência interior baseada neste impulso essencial, uma 'sensação' básica de seu input direcional que se torna arraigada e pré-conceitual. Colocada em prática, desta forma, a perspectiva subjacente a este aforismo acabará ressurgindo durante qualquer atividade, por si própria, a fim de fornecer a orientação necessária.

Now what  does  right  view  by  way  of  the  four  noble truths amount  to?  In practical terms, it amounts to identifying any form of attachment as a cause for the arising of dukkha. Now to be able to identify attachment as and when it manifests requires monitoring one's mental condition as continuously as possible. The guiding principle for such monitoringis the simple question: `does this lead to dukkha?', or: ‘does this lead to freedom from dukkha?’  –  a  query  to  be  posed  in  relation  to oneself as well as to others.
Regular mental repetition or reminding oneself of this simple maxim  will  slowly  build  up  an  inner  awareness  of  its  main thrust, a basic `feel' for its directional input that becomes ingrained and pre-conceptual. Put into practice in this way, the perspective underlying this maxim will eventually resurge during any activity on its own in order to provide the necessary orientation.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

o que vemos - frequentemente bloqueia nossa visão - se falhamos em 'ver através'*

Anos atrás, conversava com um professor de dhamma sobre meditação, pedia orientações sobre como manter a mente numa postura meditativa durante o dia, a certa altura ele disse, em tom bem humorado, talvez desconfiado de que eu fosse mais um maluco que faz contato com centros de dhamma misturando Santo Agostinho com Deepak Chopra e Paulo Coelho, que eu não devia, por exemplo, dirigir meu carro focado nas sensações táteis da nuca, isso poderia gerar mais problemas que solução...
Sempre lembro desta orientação - praticar concentração em trânsito é realmente algo arriscado, ainda que trânsito, mesmo numa cidade pequena como a minha, seja um local em que permanecemos parados boa parte do tempo sem muito o que fazer.
Mas tenho uma alternativa ao tédio.
No trânsito estamos no meio do símbolo maior de nossa liberdade, vitória, sucesso como seres-humanos - o carro. O carro é um ser como nós, um pet, um amigo, um amor, uma razão para muitos. Um carro é a extensão de nosso próprio corpo e mente. Um carro nos enche de um poder, nos poweriza o ego, nos acrescenta. Obra prima de Māra, enfim.
Uma das mais poderosas imagens encontradas nos suttas antigos é a da carruagem, que pode ser lido AQUI.
Desde um tempo, então, tenho feito tal contemplação quando em trânsito, analisando o que ocorre na mente ao olhar os carros, ao estar num carro, ao pensar num carro, ao admirar um carro... decorado o raciocínio do sutta, observo o que surge na mente com a palavra "carro", com a imagem "carro"... desfazendo os carros todos em suas partes que não revelam nenhum carro, sobrando só a palavra "carro", mais nada além de uma ideia...
conduzir a análise nos mesmos moldes para as pessoas que dirigem ou se movimentam entre os carros não é tão mais difícil... Alimentando a mente com a realidade do vazio...
Há inúmeras formas de manter o dhamma na mente durante o dia conferindo um sentido à vida (encontre a sua!), principalmente quando vai-se convencendo da carência de qualquer outro sentido que não o nibbāna...
O título deste post é minha tradução para a epígrafe do livro "Seeing Through - A Guide To Insight Meditation" do mestre Katukurunde Ñāananda, disponível AQUI. Uma frase que vale manter presente na mente ou coração, ou em ambos. Tanto quanto este conselho de Ajahn Chah: "A prática do Dhamma é assim. Não é que o Dhamma esteja muito longe, ele está aqui conosco. O Dhamma não é sobre anjos nas alturas ou coisas do tipo. É simplesmente sobre a gente, sobre o que estamos fazendo agora. Observe a si próprio. Às vezes há felicidade, outras sofrimento, às vezes conforto, outras dor, às vezes amor, às vezes ódio... isso é Dhamma. Você vê isso? Você deve conhecer esse Dhamma, você precisa ler suas experiências".


E, siga o conselho daquele professor: deixe para focar a nuca em casa, na rua, foque no que está à sua frente.

* What we see - so often blocks our vision - if we fail to 'see through'


terça-feira, 22 de abril de 2014

mensagem

A turma da foice dos mensageiros divinos está fazendo horas extras por aqui.
Agora foi um primo, vinte e cinco anos, ataque cardíaco de causa a se descobrir.
Acompanhar do surgimento à cessação, da saída do útero à entrada na cova, como eu acompanhei toda a sofrida trajetória daquele bom menino, pois que era um menino bom, do tipo de pessoa que permanece boa mesmo que, fosse ruim, gozasse de um inegável direito ao perdão, ah, minha amada e excêntrica família, que mensagem poderosa pode ser... Como acompanhar qualquer coisa que surge e cessa o é. Mas uma vida é um espetáculo macro, no tamanho suficiente para a nossa míope sabedoria discernir coisa ou outra...
O corpo ali e meu diálogo interior temendo o tempo, uma questão de tempo... Eu e minha amada e excêntrica família sofremos... Como tantas outras, mais ou menos excêntricas...
O jovem coração de tanto macerado desistiu, eu concluo. Considerem todas as possibilidades literais e figuradas para esta frase... Imaginem.... Seja o que for que não saibamos ser, o coração desistiu... E eu entendo...
Acompanhar uma vida toda assim nos dá uma impressão única da vanidade completa e absurda de estar aqui... Diante do caixão me vem as lembranças... Eu já deixando de ser menino pegava o menino no colo, o menino sorrindo, chorando, vez ou outra até brincávamos... Menino crescendo e a vida desabando sobre ele, a vida o enterrando vivo, e me causava angústia imensa... Sem perguntas, por favor, só ouçam... Conversávamos e conversávamos e eu julgava que podia ajudar, eu achava que podia entender mas, se acabou assim, me enganei... Poucas vezes na vida, muito poucas mesmo, experimentei a dor da compaixão com tamanha intensidade quanto naquelas conversas, naquelas conclusões, naquelas lembranças... Ainda agora me arranha o peito... 
Há alívio hoje. Ainda que egoísta. Alívio de estar apartado do sofrimento alheio. Leva ele consigo algo? Há algo? Quem sabe? Confio em quem me parece saber, tenho fé, nada mais...
Confio, tenho fé que da bondade resistente do bom menino surgirá algo melhor, uma boa colheita haverá.
A mim, o que deixa aquilo que surge e cessa? Uma mensagem, clara e profunda, a ser decifrada e compreendida. Possamos nós, minha amada e excêntrica família, não desmerecer esta mensagem.



quarta-feira, 16 de abril de 2014

condenados

a gente que pensa na morte diariamente, algumas vezes ao dia até, que se vê cadáver, que se vê apodrecendo, dissolvendo, mal cheirando, acabando. a gente ainda se choca quando um colega, de mais de década, a quem se encontra todo dia, leva duas facadas e morre na calçada quando saía para o trabalho. 
nosso ônibus passa, ele não entra e eu nem percebo. horas depois fico sabendo que não havia mais ele já naquele momento. assassinado, estupidamente, sabe-se lá por que migalha.
o tipo de choque que nos insere, de olhos arregalados, na realidade sobre a qual sabemos, pensamos e opinamos. e ignoramos. 
e começam os comentários cujo efeito em nossa mente confirma o ensinamento: ignorância nutre ignorância. basicamente: "tem que ter pena de morte nesse país!". sedutor o poder da estupidez, a gente quase concorda. como se assassinos brotassem do chão, espontaneamente, do nada, para matar nossos queridos. como se não fossem pessoas, condicionadas como nós, um flash de consciência entre trevas, superalimentada por anseio e medo.
sedutora ignorância obcecada em condenar à morte a nos manter cegos para nossa condenação à vida.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

resumindo

a quem interessar possa, um resumo do buddhismo:

tava todo mundo, humanamente, não olvidemos, sonhando ser divino.
chega o Buddha diz: "não! desiste dessa bobagem! isso aqui não tem solução! apaga tudo e não começa de novo!"
aí, divinizaram Ele.

Speech by ReadSpeaker