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Buscando...?

domingo, 29 de junho de 2014

controle


num texto que li de palestra de ajahn chah, do qual não me lembro o nome mas está por aí, ele diz que alguns vez ou outra o questionavam sobre aparentes contradições no que ensinava. ele explica, então, que era assim mesmo: esse precisa ir mais à direita, o outro mais à esquerda. e aquele, quando começa a ir demais pela direita é preciso que volte pra esquerda... e vice-versa. 
fato é que o caminho do Buddha é simples assim: esteja atento ao agora! coisa que é tremendamente complicada!
eu, nessa vida há algum tempo, tenho aprendido a perceber as ordens: há momentos em que devoção faz falta e eu busco refúgio com mais intensidade... noutros que a mente está mais saltadora que o (a)normal: hora de concentrar. estudando demais? fico sem fazer nada, contemplando o tédio... 
percepção que se nutre da introspecção, é óbvio. mais um tanto de rendição, não tão fácil pois que o mundo demanda controle! direção! ação! mas a natureza condicionada e incontrolável, desconhecida e misteriosa, o assombroso desequilíbrio que é estar vivo... aqui, talvez caiba um parêntese: (aquela história de ser atraído ao buddhismo pela expectativa de controlar a mente? é bom rever...).
acabo de ler um ensaio do livro recém lançado pela path press publication, meanings, livro do qual eu certamente vou falar muito por aqui (estou no terceiro ensaio, mas voltando ao primeiro... um livro para ser lido muito, muito lentamente acompanhado de muita, muita reflexão introspectiva...): existence means control (existência significa controle). basicamente: se o engodo do controle é enchimento do existir, existir é dukkha. bom... li só uma vez... ainda ruminando...

***

...estar atento ao aqui e agora. tão repetido que a profundidade a que deveria conduzir nem sempre conduz, talvez... 
uma implicação: a ambição de encontrar um início para tudo! de onde isso veio? como isso começou? e quem criou deus? 
estar atento ao aqui e agora é abrir mão dessa obsessão e mergulhar no que ocorre, seja lá o que for...

terça-feira, 10 de junho de 2014

por que o mundo existe?

a realidade tem de ser medíocre como é.
é uma conclusão logicamente deduzida pelo autor neste que é um dos melhores livros que li recentemente e até nem tão recentemente. 
não só por essa conclusão, como podem pensar os que passam por aqui vez ou outra. o livro é bom por muito mais: é um texto descomplicado sobre o complexo embate existência versus não existência, tudo versus nada. por que existe algo, afinal, se o nada parece tão mais... adequado? a pergunta fundamental e, segundo alguns, a única que vale o filosofar.
o autor narra seus encontros e conversas com pensadores atuais que se debruçam sobre o tema tanto quanto a sua própria jornada interior a contemplar as ideias elaboradas no passado pelos grandes da filosofia.
o livro termina com a citação atribuída a ambrose bierce em the devils's dictionary: "filosofia, s. um caminho de muitos caminhos levando de lugar nenhum a nada". e não importa eu contar como termina, você já sabia, o que vale é exercitar a mente, navegar no éter das ideias, sempre um alívio quando a solidez e o peso da realidade sobrepujam nossa tolerância. eu, ao menos, aprendi isso bem cedo.
vale conhecer hipóteses de filósofos ateus por vezes mais mirabolantes que a hipótese deus. vale ver que há possibilidade lógica para muito, desde um solar otimismo até a um turvo pessimismo. vale identificar notas e tons de nossos próprios arranjos filosóficos sobre o existir na fala de gente mais autorizada a pensar que nós. e, se você for buddhista, vale, acima de tudo, refletir se o Buddha foi ou não o mais sábio e luminoso ser que se registrou ter pisado nesta terra capenga. eu cada vez mais certo de que foi. dois capítulos em especial falam alto ao buddhista - it from bit e o ego: eu realmente existo? - é verdade que quando o Buddhadhamma vai sendo absorvido pelos neurônios, ou seja lá o que for a fonte da consciência, a gente vê dhamma até no domingão do faustão. neste livro, vai se resvalando com o dhamma aqui e ali até que bem no finalzinho o Buddha é breve mas explicitamente citado, de forma que interpretei simpática - a posição de um famoso monge buddhista sobre a pergunta título é classificada como a "mais interessante", inclusive (certo que em filosofia pode não ser um elogio...), isso depois de todos os encontros profundos e reflexões de mentes brilhantes.
a mais brilhante é a do Buddha, penso eu. 
um mistério existencial, investigado sob a orientação do Buddha, leva também de lugar nenhum a nada. 
mas não é o lugar nenhum onde sempre estivemos e o nada onde aquela possibilidade de sabedoria em nós sempre sussurra que devemos nos assentar? 
é, sei lá...

segunda-feira, 2 de junho de 2014

angst

e se o universo não for um intervalo entre nada e coisa alguma?
e se não for o único?
e se a consciência for fenômeno necessário?
e se depois de se expandir ele voltar a se contrair?
e se começar de novo?
e se começar outro?
pavor.
puro pavor, tudo de novo.
ressurgir e ressurgir e ressurgir...
bilhões de bilhões de infinitos anos repetindo a história da existência...
e pior, muito pior: cada um de nós de novo, e de novo, e de novo...
bilhões e bilhões de infinitas vezes ver surgir, entre todas as insuportáveis outras cousas, um aécio neves...
pavor, puro pavor...

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