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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

parêntese

hoje, como ainda não havia ocorrido, publico uma tradução completa de um pequeno ensaio. pequeno e profundo. pode ser que outras traduções se sigam a esta, se assim for, serão sempre autorizadas e/ou revisadas pelo autor e/ou responsável pela publicação original. 
o original desta está aqui e no livro meanings.
boa leitura.

O sentir é sofrimento


por Bhikkhu Ninoslav Ñāamoli

 



Como alguém deve libertar-se do sofrimento?
O primeiro passo que se deve dar é aprender a não ansiar pela cessação do sofrimento. À primeira vista isso pode parecer simples, mas na verdade não é tão simples assim; pois não podemos presumir que uma pessoa comum, sem treinamento, saiba o que realmente o sofrimento é.
Para conhecer dukkha não é suficiente apenas sofrer. Para conhecer dukkha é preciso reconhecer, na presente experiência, o que é e o que não é necessário. O ponto é que, na experiência da dor, alguns aspectos são inevitáveis, enquanto outros, não. Em outras palavras - a "dolorosidade" da dor é sofrimento e não a dor em si.
Deixe-me voltar para a declaração do início de que não se deve ansiar pela cessação do sofrimento; por que isso é o essencial? A razão imediata do nosso sofrimento é, como o Buddha nos diz, o nosso anseio ou taha. É por causa de taha que nossa experiência da dor é dolorosa. Isto aplica-se aos outros dois tipos de sentir também. Assim, podemos dizer que é por causa do anseio que os sentimentos/sensações são dukkha. No primeiro tipo, no sentir desagradável, o anseio pela cessação deste sentir faz a pessoa sofrer: o sentir doloroso está presente ali, diretamente oposto ao seu anseio por que aquilo não exista, para que desapareça. Desta forma, uma discrepância é criada, uma discrepância que é nada mais que dukkha. No segundo tipo, no sentir agradável, o anseio por mais deste sentir se manifesta. Assim, o sentir agradável vigente aparece como desagradável quando a atenção se volta para o anseio por que aquele sentir aumente. A presente sensação de prazer se torna insuficiente, uma carência que precisa ser atendida. Mais uma vez a discrepância surge, e que se tenta superar pela persecução de inúmeras coisas do mundo que irão intensificar seu prazer ainda mais. Tem-se a esperança de que tal tentativa irá 'preencher a falta' interior mas, desnecessário dizer, isto é impossível, uma vez que a discrepância está, na verdade, sendo constantemente gerada pela presença de taha e não pelos vários objetos no mundo.
O pensar e o ansiar são a sensorialidade de um homem,
Não as várias coisas do mundo;
O pensar e o ansiar são a sensorialidade de um homem,
As várias coisas só estão lá, no mundo;
Mas o sábio se livra do anseio nele mesmo.
- Anguttara-nikāya.VI 63 / III, 411

Quando se trata do terceiro tipo, o sentir nem agradável nem desagradável (ou seja, neutro), o sofrimento é vivenciado como resultado de um anseio pelo sentir em si mesmo, visto que o sentir neutro não é reconhecido como tal:
O sentir neutro é agradável quando conhecido [como tal],
e desagradável quando não conhecido [como tal]
- Majjhima-nikāya. 44 / i, 303

Então, para resumir, a experiência que se tem da dor em si não é a razão para a sofrimento que se sente. É, antes, a presença do anseio na experiência do ser o porquê do sofrimento estar lá. Enquanto este continuar a ser o caso, ser-se-á uma "vítima" do próprio sentir, seja ele agradável, desagradável ou neutro.

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